Por conta da excessiva demanda de
pacientes, que vêm do interior do Estado por não encontrarem outra
alternativa, o atendimento de urgência e emergência em São Luís está à
beira de um colapso e a situação é preocupante. O assunto foi pauta de
uma reunião emergencial convocada pelo secretário municipal de Saúde,
Gutemberg Araújo, na manhã desta segunda-feira (19), com as equipes dos
dois maiores hospitais de urgência da capital, Socorrões I e II.
Apesar das UPAs inauguradas recentemente
pelo Governo do Estado na capital (Vinhais, Parque Vitória e Cidade
Operária) e uma no município de Coroatá, a demanda nos Socorrões não
diminuiu e continua grande o número de pessoas que saem do interior em
busca de atendimento de urgência e emergência em São Luís, já que não
dispõem de hospitais em seus municípios. “Se houver um acidente de
médias proporções hoje em São Luís, nós não temos condições de receber
os pacientes”, alertou Gutemberg Araújo ao expor a preocupação.
Só o Socorrão II, por dia, utiliza 5.500
seringas, serve mais de duas mil refeições e realiza mais de 60
cirurgias. “Hoje, no Socorrão II, estamos com uma demanda absurda. São
170 macas nos corredores. Estamos, inclusive, utilizando macas do
Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) por falta de local para
acomodar os pacientes”, afirmou o diretor da unidade, Ademar Branco
Bandeira. E no Socorrão I, a situação não é muito diferente. Também
lotado, o hospital conta com cerca de 70 macas nos corredores.
As equipes reunidas concluíram que o
problema da superlotação foi agravado no último mês, nessas duas
unidades, em função de um aumento na demanda de pacientes do interior do
Estado (segundo relatório da Câmara Municipal de São Luís divulgado em
agosto, 60% dos pacientes dos dois hospitais são de cidades do interior)
e do fechamento da emergência do Hospital do Ipem. “E estamos
recebendo, agora, ainda mais pacientes vindos do interior”, disse Ademar
Bandeira.
Preocupado com a situação, Gutemberg
Araújo levou o problema, na tarde desta segunda, para apreciação em
reunião da Comissão Intergestora Bipartite (CIB) e está encaminhando
relatório ao Ministério Público e ao Governo Federal. O secretário vem
alertando os gestores municipais, estaduais e federais para a
necessidade urgente de participação de todos, cumprindo, cada um, com
suas obrigações e metas pactuadas.
“Se boa parte dos problemas de saúde for
resolvida em seus locais, a cidade terá condições de oferecer melhores
serviços à sua população. O município de São Luís investe 25% dos seus
recursos na Saúde, mas isso não é suficiente para uma capital que recebe
pacientes de praticamente todo o interior do Estado”, afirmou Gutemberg
Araújo.
O secretário disse ainda que o resultado
de um hospital lotado é a queda na qualidade do atendimento. Em caso de
superlotação, em que a demanda corresponde a praticamente o dobro da
capacidade instalada, a consequência é o caos. “Nós estamos trabalhando
além dos nossos limites. Os profissionais estão extenuados; os recursos
financeiros não têm sido suficientes, apesar dos investimentos de mais
de R$ 7 milhões nos dois Socorrões, a cada mês, pela Prefeitura. Não
temos onde colocar mais pacientes nesses hospitais”, alertou Gutemberg.
Trabalhando
Segundo Gutemberg Araújo, a Prefeitura
de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, tem trabalhado
dia e noite para resolver os problemas na capital, mas a derrama de
pacientes do interior do Estado vem, sistematicamente, inviabilizando a
melhoria nos serviços do setor de urgência e emergência da cidade.
Gutemberg destacou que, mesmo com o
problema, a Prefeitura vem garantindo avanços na Saúde municipal como
reforma e construção de unidades (das 42 unidades básicas de saúde que
integram a rede municipal, 22 foram reformadas e outras 18 estão em fase
de conclusão), implantação do único serviço de ressonância magnética
público no Maranhão (que funciona no Socorrão II e realiza em média 600
procedimentos/mês) e ampliação de leitos (mais de 200), por meio de
parcerias com instituições filantrópicas.
“Estamos também desenvolvendo um plano
de revitalização com unidades de referência em pré-natal, encaminhando
para o Ministério da Saúde nosso projeto para adesão ao Projeto Cegonha,
e construindo novas Unidades Básicas de Saúde com recursos federais”,
enumerou o secretário.
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